Friday 2 February 2007

WHAT'S (REALLY) NEW

Hoje (ou antes, ontem), este blog assinalou um “marco historico”! Exactamente… Pela primeira vez desde que me meti nesta aventura, me foi possivel tecnicamente colocar aqui a minha propria musica. (But, don’t get me wrong: my Miles’s, Coltrane’s, Marsalis’s, Hancock’s and many others that have passed, or are still around here, continue very much to be my cherished pearls! In fact, from now on, I’ll be able to play the tracks that I most love from them out of my own CDs…).


E, para assinalar condignamente esse “marco historico”, a “estreia” e’ feita pelos Kiezos (Rumba 70), seguidos pelos Gingas (Lamento) in 'Spirited Sounds'.

BREVE INTRODUÇÃO:
Os Kiezos
Os Kiezos foram criados em 1964, por jovens do bairro Marçal. Tornou-se um dos conjuntos mais famosos e mais caracteristicos da capital. O ritmo dos Kiezos e’ inconfundivel: muito acelerado, rijo, enraizado no carnaval do musseque.

O Semba

O semba e’ de Luanda. Faz parte do sentimento e da expressividade dos Luandenses. Reflecte o seu andar cadenciado, a sua linguagem musical e a sua forma de estar no universo. A palavra semba vem da massemba da dança rebita. Foi a partir dessa referencia ritmica e melodica que os conjuntos luandenses forjaram o semba moderno. Cada bairro tinha um estilo, um som e uma batida proprios, so’ um ouvido muito apurado e atento, ou um bom passista os conseguia distinguir. As letras, muitas vezes da autoria dos cantores, cronicavam cenas da vida do bairro – rivalidades amorosas, ciumes e invejas – criticando os comportamentos familiares e sociais. Mas semba e’ antes de tudo dança, um dos grandes prazeres dos Luandenses.

Origens

Esse ritmo sensual, quente e cadenciado, e’ a fusao de ritmos de Angola e de outros do exterior. As varias adaptações e conjugações das danças de carnaval – kazukuta, kabetula, kabuko, maringa, dizanda – definem os diversos estilos de sembas. A criatividade ritmica, melodica e harmonica, assim como a evolução da instrumentação firmaram as bases do semba dos anos 70.

Instrumentos

Os grupos tinham percussões tradicionais e violas. Os tambores, ngomas, feitos num barril de vinho ou num tronco de arvore com peles de animais, foram substituidos por tumbas e, em vez de dois tamboristas, um a fazer grave, outro agudo, tinha um so’, com tres tumbas. Os bongos, pequenos tambores em tripe’ tocados com baguetes, substituiram as caixas tradicionais. Desapareceram progressivamente a puita (cuica) e o bate-bate (cana tocada com uma baguete e batida no chão). A dikanza (reco-reco) tem resistido mas e’ substituida hoje pelos pratos da bateria.

Ligações

Entre varias outras, a ligação com o Brasil vem do Imperio Portugues e do intenso trafico de escravos entre as duas colonias – varios milhões de angolanos foram desterrados para o Brasil nos seculos XVII e XVIII. As danças afro-brasileiras que deram forma ao samba teem muito em comum com as raizes tradicionais do semba.

Evolução

A viola – artesanal com caixa de chapa, violão acustico ou viola electrica – tem sido o instrumento fundamental da evolução do semba. Duia, dos Gingas, foi um dos primeiros grandes solistas. Marito (o de camisa cor-de-rosa no slide show), um dos fundadores dos Kiezos (Vassouras) aprendeu a tocar com Duia, criando depois o seu estilo proprio. Era muito expressivo, fazia caretas e dançava. Nestes primeiros anos de 70, o miolo da estrutura do semba e’ dado pela viola ritmica e pelo baixo. Este, que antes era de seis cordas, e’ substituido por um de quatro. Os teclados e os sopros foram se generalizando a partir do final dos anos 70.

Legado

O semba dos anos 70 tem sido um modelo, uma referencia historica e uma bandeira identitaria. E’ multiplo e diverso e ainda transformado pela criatividade de varias gerações.


(Extracto de compilação de textos de Jorge Macedo, Artur Arriscado, João Chagas, Gilberto Junior e Ariel de Bigault, in Angola 70’s – Buda Musique 1999)

Hoje (ou antes, ontem), este blog assinalou um “marco historico”! Exactamente… Pela primeira vez desde que me meti nesta aventura, me foi possivel tecnicamente colocar aqui a minha propria musica. (But, don’t get me wrong: my Miles’s, Coltrane’s, Marsalis’s, Hancock’s and many others that have passed, or are still around here, continue very much to be my cherished pearls! In fact, from now on, I’ll be able to play the tracks that I most love from them out of my own CDs…).


E, para assinalar condignamente esse “marco historico”, a “estreia” e’ feita pelos Kiezos (Rumba 70), seguidos pelos Gingas (Lamento) in 'Spirited Sounds'.

BREVE INTRODUÇÃO:
Os Kiezos
Os Kiezos foram criados em 1964, por jovens do bairro Marçal. Tornou-se um dos conjuntos mais famosos e mais caracteristicos da capital. O ritmo dos Kiezos e’ inconfundivel: muito acelerado, rijo, enraizado no carnaval do musseque.

O Semba

O semba e’ de Luanda. Faz parte do sentimento e da expressividade dos Luandenses. Reflecte o seu andar cadenciado, a sua linguagem musical e a sua forma de estar no universo. A palavra semba vem da massemba da dança rebita. Foi a partir dessa referencia ritmica e melodica que os conjuntos luandenses forjaram o semba moderno. Cada bairro tinha um estilo, um som e uma batida proprios, so’ um ouvido muito apurado e atento, ou um bom passista os conseguia distinguir. As letras, muitas vezes da autoria dos cantores, cronicavam cenas da vida do bairro – rivalidades amorosas, ciumes e invejas – criticando os comportamentos familiares e sociais. Mas semba e’ antes de tudo dança, um dos grandes prazeres dos Luandenses.

Origens

Esse ritmo sensual, quente e cadenciado, e’ a fusao de ritmos de Angola e de outros do exterior. As varias adaptações e conjugações das danças de carnaval – kazukuta, kabetula, kabuko, maringa, dizanda – definem os diversos estilos de sembas. A criatividade ritmica, melodica e harmonica, assim como a evolução da instrumentação firmaram as bases do semba dos anos 70.

Instrumentos

Os grupos tinham percussões tradicionais e violas. Os tambores, ngomas, feitos num barril de vinho ou num tronco de arvore com peles de animais, foram substituidos por tumbas e, em vez de dois tamboristas, um a fazer grave, outro agudo, tinha um so’, com tres tumbas. Os bongos, pequenos tambores em tripe’ tocados com baguetes, substituiram as caixas tradicionais. Desapareceram progressivamente a puita (cuica) e o bate-bate (cana tocada com uma baguete e batida no chão). A dikanza (reco-reco) tem resistido mas e’ substituida hoje pelos pratos da bateria.

Ligações

Entre varias outras, a ligação com o Brasil vem do Imperio Portugues e do intenso trafico de escravos entre as duas colonias – varios milhões de angolanos foram desterrados para o Brasil nos seculos XVII e XVIII. As danças afro-brasileiras que deram forma ao samba teem muito em comum com as raizes tradicionais do semba.

Evolução

A viola – artesanal com caixa de chapa, violão acustico ou viola electrica – tem sido o instrumento fundamental da evolução do semba. Duia, dos Gingas, foi um dos primeiros grandes solistas. Marito (o de camisa cor-de-rosa no slide show), um dos fundadores dos Kiezos (Vassouras) aprendeu a tocar com Duia, criando depois o seu estilo proprio. Era muito expressivo, fazia caretas e dançava. Nestes primeiros anos de 70, o miolo da estrutura do semba e’ dado pela viola ritmica e pelo baixo. Este, que antes era de seis cordas, e’ substituido por um de quatro. Os teclados e os sopros foram se generalizando a partir do final dos anos 70.

Legado

O semba dos anos 70 tem sido um modelo, uma referencia historica e uma bandeira identitaria. E’ multiplo e diverso e ainda transformado pela criatividade de varias gerações.


(Extracto de compilação de textos de Jorge Macedo, Artur Arriscado, João Chagas, Gilberto Junior e Ariel de Bigault, in Angola 70’s – Buda Musique 1999)

2 comments:

Salucombo_Jr. said...

acompanhante para esta banda sonora.

sabado, 2 horas da tarde debaixo do jango e sentados numa esteira, comemos um funge e o conduto 'e, carne seca com macosso, makenene e um molho de candondo.

isso para quem vem das Lundas(norte exactamente) como eu, porque em outras paragens da nossa querida Angola de certeza que a escolha seria diferente.
PS: todos a pitar com as maos.

Koluki said...

Eu so' lhe acrescentaria uma mwamba de ginguba com bagre fumado, uma boa kizaka acompanhada de kikwanga e, para rematar, um pouco de kitaba e kifufutila!
E para regar o bankete: maruvo freskinho.