Monday 23 August 2010

SUNDAY TELLY [R]*

Sou uma daquelas “estranhas criaturas” que pouca ou nenhuma televisao veem ao longo da vida… Em ‘media agregada’ devo ver umas 2 a 3 horas/dia durante uns 3 a 6 meses/ano de TV. Trata-se de um ‘habito’ que criei inicialmente em Angola, onde e quando pouco ou nada das curtas emissoes da TPA (ainda estavam muito longe os tempos da 'Multichoice'...), frequente e longamente interrompidas pela falta de electricidade, me interessava. Um ‘habito’ que mantive noutros paises em que entretanto tenho vivido, por se ter tornado um habito e porque a minha vida – centrada a volta de leituras e escrituras – nao me deixa espaco ou tempo suficientes para olhares ‘para fora’ dos livros/papers/artigos/folhas de papel ou laptop screens, ou, nos momentos de lazer individual, dos espacos naturais exteriores sem os quais nao sobrevivo e, dependendo dos meus moods, do meu xadrez electronico (chama-se Kasparov e fala…) ou, mais recentemente, do meu Sudoku igualmente electronico (nao tem nome proprio e nao fala, emite apenas alguns sons irritantes que imediatamente desligo assim que comeco um jogo…).
A radio, essa sim, e’ e sempre foi a minha companheira indispensavel.

Vem isto a proposito de nos ultimos 3 a 4 meses nao ter visto praticamente nenhuma TV, a excepcao de um ou dois programas ocasionais, e de por isso nao ter visto a ultima serie do Big Brother UK… E, pelo que vim a saber depois, com muita pena minha porque ela produziu o primeiro vencedor negro de sempre, tanto no UK como na Europa, Brian Belo.

Vem isto tambem a proposito da multiplicidade de possiveis diferentes olhares, leituras e visoes que se podem ter, obter, ou fazer do BB, que variam de espectador para espectador, de cultura para cultura e de pais para pais – no UK, os regulamentos das emissoes televisivas apenas permitem a projeccao de “imagens ou linguagem eventualmente chocantes” fora da chamada watershed, ou seja depois de ‘horas decentes’ e quem as quiser ver tera’, por "vontade propria", que ficar a pe’ durante a noite para as chamadas edicoes uncut, para as quais definitivamente nao tenho tempo, interesse ou inclinacao – por isso nunca vi tais cenas em nenhuma das edicoes, ou fragmentos delas, do BB que tive oportunidade de ver ate’ agora, embora tenha lido sobre cenas de 'sexo explicito' envolvendo particularmente uma concorrente Zambiana do Big Bráder UK e, mais recentemente, a participante Angolana na corrente edicao do Big Bréder Africa (isto para apenas mencionar as Africanas, porque entre as Europeias julgo saber que isso e' bastante comum - afinal, a 'tristemente celebre' Jade Goody virou celebrity precisamente por isso...).

Num post que
aqui publiquei ha’ ja' um tempo, falei um pouco do que me interessa no BB e sao as mesmas razoes nele apontadas que me fazem sentir pena de nao ter visto esta ultima edicao. Tal como tive pena de ter perdido a “prestacao” da concorrente Angolana na primeira serie do BB Africa – o que aconteceu porque na altura estava tambem num daqueles periodos em que nao via televisao ha’ meses. Mas, voltando aos possiveis diferentes olhares, leituras e visoes que se podem ter, obter, ou fazer do BB, tenho para mim que cada um ve nele o que procura, ou o que os preconceitos que informam os seus olhares projectam.

A esse proposito devo dizer, nao sem alguma reluctancia, por razoes que teem a ver precisamente com os olhares e leituras dos outros, que sou tambem uma daquelas “estranhas criaturas” que teem uma absoluta aversao a pornografia, ou a qualquer dos seus associados como o chamado voyeurismo, e que, incidentalmente, considero tao pornograficas as imagens que certas criaturas insanas na ‘lusosfera’ tentaram a viva forca colar a minha poesia (en passant, nao deixa de ser interessante notar que, sobre os mesmos poemas, o intelectual Angolano Nelson Pestana ‘Bonavena’ escreveu, nos idos dos anos 80 em Luanda, no saudoso “Archote”, uma recensao critica sob o titulo, tanto quanto me lembro, “A Intertextualidade entre Sabores, Odores & Sonho e o texto Biblico”…) como certos relatos de ‘momentos intimos’ com mulheres Tchokwe’ algures no leste de Angola - e estes, em particular, de um voyeurismo absolutamente mais repulsivo, obsceno e condenavel do que qualquer outro devido as questoes eticas, deontologicas, morais e culturais, enfim de valores, principios e conceitos, a eles subjacentes e que, tal como as imagens de 'sexo explicito' em que a concorrente Angolana no BB Africa se tera' envolvido "por vontade propria", nao teem outra serventia senao perpetuar os tradicionais estereotipos negativos e exoticos a volta da imagem mediatica da mulher Africana (e muito especialmente da Angolana - mas a isto voltarei noutra ocasiao), especialmente quando precedidos de 'inuendos' e 'promessas' aliciatorias a um publico bloguista absolutamente despreparado para as ver

Alias, considero tao idioticas, absurdas, pateticas, ridiculas e doentias as criaturas que esperam encontrar no BB a ‘pedra filosofal’, como as que ‘conseguem’ ver pornografia nos frescos da Capela Sistina (que as ha'!)… Mas sobre isso ja’ Freud explicou uma parte, Chomsky outra, Germaine Greer - a mais 'iconica' feminista do mundo 'anglofono' depois de Virginia Woolf (que, ja' agora note-se, expressou recentemente num dos mais prestigiados programas culturais da TV Britanica - o Newsnight Review - a sua absoluta repulsao pelo ballet classico!), e que participou numa das versoes celebrity do BB UK, que lamento tambem nao ter visto - ainda outra, e Noemia de Sousa outra ainda...


Bom Domingo e Boa Semana!

*[First posted 23/09/07]
Sou uma daquelas “estranhas criaturas” que pouca ou nenhuma televisao veem ao longo da vida… Em ‘media agregada’ devo ver umas 2 a 3 horas/dia durante uns 3 a 6 meses/ano de TV. Trata-se de um ‘habito’ que criei inicialmente em Angola, onde e quando pouco ou nada das curtas emissoes da TPA (ainda estavam muito longe os tempos da 'Multichoice'...), frequente e longamente interrompidas pela falta de electricidade, me interessava. Um ‘habito’ que mantive noutros paises em que entretanto tenho vivido, por se ter tornado um habito e porque a minha vida – centrada a volta de leituras e escrituras – nao me deixa espaco ou tempo suficientes para olhares ‘para fora’ dos livros/papers/artigos/folhas de papel ou laptop screens, ou, nos momentos de lazer individual, dos espacos naturais exteriores sem os quais nao sobrevivo e, dependendo dos meus moods, do meu xadrez electronico (chama-se Kasparov e fala…) ou, mais recentemente, do meu Sudoku igualmente electronico (nao tem nome proprio e nao fala, emite apenas alguns sons irritantes que imediatamente desligo assim que comeco um jogo…).
A radio, essa sim, e’ e sempre foi a minha companheira indispensavel.

Vem isto a proposito de nos ultimos 3 a 4 meses nao ter visto praticamente nenhuma TV, a excepcao de um ou dois programas ocasionais, e de por isso nao ter visto a ultima serie do Big Brother UK… E, pelo que vim a saber depois, com muita pena minha porque ela produziu o primeiro vencedor negro de sempre, tanto no UK como na Europa, Brian Belo.

Vem isto tambem a proposito da multiplicidade de possiveis diferentes olhares, leituras e visoes que se podem ter, obter, ou fazer do BB, que variam de espectador para espectador, de cultura para cultura e de pais para pais – no UK, os regulamentos das emissoes televisivas apenas permitem a projeccao de “imagens ou linguagem eventualmente chocantes” fora da chamada watershed, ou seja depois de ‘horas decentes’ e quem as quiser ver tera’, por "vontade propria", que ficar a pe’ durante a noite para as chamadas edicoes uncut, para as quais definitivamente nao tenho tempo, interesse ou inclinacao – por isso nunca vi tais cenas em nenhuma das edicoes, ou fragmentos delas, do BB que tive oportunidade de ver ate’ agora, embora tenha lido sobre cenas de 'sexo explicito' envolvendo particularmente uma concorrente Zambiana do Big Bráder UK e, mais recentemente, a participante Angolana na corrente edicao do Big Bréder Africa (isto para apenas mencionar as Africanas, porque entre as Europeias julgo saber que isso e' bastante comum - afinal, a 'tristemente celebre' Jade Goody virou celebrity precisamente por isso...).

Num post que
aqui publiquei ha’ ja' um tempo, falei um pouco do que me interessa no BB e sao as mesmas razoes nele apontadas que me fazem sentir pena de nao ter visto esta ultima edicao. Tal como tive pena de ter perdido a “prestacao” da concorrente Angolana na primeira serie do BB Africa – o que aconteceu porque na altura estava tambem num daqueles periodos em que nao via televisao ha’ meses. Mas, voltando aos possiveis diferentes olhares, leituras e visoes que se podem ter, obter, ou fazer do BB, tenho para mim que cada um ve nele o que procura, ou o que os preconceitos que informam os seus olhares projectam.

A esse proposito devo dizer, nao sem alguma reluctancia, por razoes que teem a ver precisamente com os olhares e leituras dos outros, que sou tambem uma daquelas “estranhas criaturas” que teem uma absoluta aversao a pornografia, ou a qualquer dos seus associados como o chamado voyeurismo, e que, incidentalmente, considero tao pornograficas as imagens que certas criaturas insanas na ‘lusosfera’ tentaram a viva forca colar a minha poesia (en passant, nao deixa de ser interessante notar que, sobre os mesmos poemas, o intelectual Angolano Nelson Pestana ‘Bonavena’ escreveu, nos idos dos anos 80 em Luanda, no saudoso “Archote”, uma recensao critica sob o titulo, tanto quanto me lembro, “A Intertextualidade entre Sabores, Odores & Sonho e o texto Biblico”…) como certos relatos de ‘momentos intimos’ com mulheres Tchokwe’ algures no leste de Angola - e estes, em particular, de um voyeurismo absolutamente mais repulsivo, obsceno e condenavel do que qualquer outro devido as questoes eticas, deontologicas, morais e culturais, enfim de valores, principios e conceitos, a eles subjacentes e que, tal como as imagens de 'sexo explicito' em que a concorrente Angolana no BB Africa se tera' envolvido "por vontade propria", nao teem outra serventia senao perpetuar os tradicionais estereotipos negativos e exoticos a volta da imagem mediatica da mulher Africana (e muito especialmente da Angolana - mas a isto voltarei noutra ocasiao), especialmente quando precedidos de 'inuendos' e 'promessas' aliciatorias a um publico bloguista absolutamente despreparado para as ver

Alias, considero tao idioticas, absurdas, pateticas, ridiculas e doentias as criaturas que esperam encontrar no BB a ‘pedra filosofal’, como as que ‘conseguem’ ver pornografia nos frescos da Capela Sistina (que as ha'!)… Mas sobre isso ja’ Freud explicou uma parte, Chomsky outra, Germaine Greer - a mais 'iconica' feminista do mundo 'anglofono' depois de Virginia Woolf (que, ja' agora note-se, expressou recentemente num dos mais prestigiados programas culturais da TV Britanica - o Newsnight Review - a sua absoluta repulsao pelo ballet classico!), e que participou numa das versoes celebrity do BB UK, que lamento tambem nao ter visto - ainda outra, e Noemia de Sousa outra ainda...


Bom Domingo e Boa Semana!

*[First posted 23/09/07]

2 comments:

Muadiê Maria said...

Koluki, querida, vou aproveitar seu blog para divulgar um movimento chamado Reaja ou será morto(a)que, infelizmente, se faz necessário aqui na Bahia. Um beijo.

NÃO ACEITAREMOS A PRÓXIMA VÍTIMA

Nós, grupos, entidades e organizações do Movimento Negro do Estado da Bahia vimos a público exigir das instituições democráticas de um modo geral e do Governador do Estado especificamente, a rigorosa apuração dos atos de agressões praticadas por integrantes da Polícia Militar contra cidadãos e cidadãs de comunidades de maioria negra.

A última vítima de ações arbitrárias da PM, o músico do Ilê Aiyê, Agnaldo Pereira da Silva (Guiguiu do Ilê), foi agredido no último domingo, 16 de setembro, no bairro do Nordeste de Amaralina, pelo sargento identificado como Menezes que, após ter arrombado a porta e invadido sua casa, o arrastou para o meio da rua, agredindo-o covardemente, tendo, nesta mesma oportunidade, o aludido policial juntamente com seus comandados, espancado covardemente o comerciante Gilberto dos Santos.

Trata-se de um padrão recorrente praticado contra a parcela que representa a maioria populacional de Salvador, cidade que se beneficia do nosso capital cultural, mas que ainda nos mantém subalternizado. Um modelo racista, que se reflete no sistema de segurança pública que criminaliza e submete toda a população negra em Salvador em especial e, de um modo geral, em toda a Bahia, através de um rigoroso controle baseado em brutalidade, agressões e morte.

Portanto nós, legitimamente reunidos e reunidas, exigimos respeito a nossa histórica participação na construção desta cidade e deste Estado; que nossas vidas não sejam banalizadas; e que nossas instituições não sejam desrespeitadas.

Casos como os que ocorreram no último domingo no Nordeste de Amaralina não são isolados. São um padrão. Esperamos que o GOVERNO DO ESTADO atue de forma a punir exemplarmente os agressores e ao mesmo tempo, que abra um canal de diálogo com o conjunto da sociedade para uma atuação efetiva ao combate à crescente violência em Salvador e na Bahia, mas com ações que respeitem a cidadania e os limites da lei.

Por fim, as entidades aqui signatárias afirmam que reagirão enfaticamente contra qualquer desrespeito aos direitos de cidadania e convocamos toda a sociedade baiana a participar no próximo dia 26 (quarta-feira) , da manifestação contra a violência e a favor da vida, com saída do Largo dos Aflitos, às 15hs.

Comitê Pela Vida e Contra a Violência

ABADFAL, AGANJU, ANAAD, APNS, CEMAG, CORTEJO AFRO, FENACAB, ILÊ AIYÊ, MALÊ DE BALÊ, MUZENZA, OKAMBI, OLODUM, OS NEGÕES, ARCA DO AXÉ, MUNDO NEGRO, MNU, INSTITUTO STEVE BIKO, CEN, IMPACTO SONORO, ASSOCIAÇÃO DO COSME DE FARIAS, CEAFRO, CAMPANHA REAJA OU SERÁ MORTA! REAJA OU SERÁ MORTO!


FELIPE DA SILVA FREITAS
E-mail: fsfreitas_13@yahoo.com.br

Koluki said...

Obrigada Martha e os meus sinceros votos de sucesso a todos os grupos envolvidos nesse meritorio movimento!