Thursday 9 December 2010

Festival Mondial des Arts Negres [Updated]




Acaba de chegar a minha redaccao, de fonte (ainda) (in)segura, a seguinte informacao:


O musico Angolano Bonga sera’ uma das figuras de maior destaque no Festival Mundial de Artes Negras, a realizar-se no Senegal de 10 a 31 de Dezembro de 2010. Tal como o fez recentemente na Expo Mundial de Xangai (verificar aqui e aqui), Bonga representar-se-ha’ exclusivamente por merito proprio e a Angola unicamente por direito incontestavel.[*]

A mesma fonte acrescenta que, embora tenha sido anunciada por fontes (ainda nao)identificadas a presenca de alguns ballerinos negros comandados por uma prima donna classica europeia branca, mais conhecida em certos circulos "afectuosos" por vulta racista psicopata, provenientes de Angola, a sua prestacao, embora alegadamente "na qualidade de convidada especial", (ainda) nao consta do programa oficial do festival.

Mais acrescenta a fonte que nao lhe foi possivel obter junto dos organizadores do festival uma explicacao para o facto de, sendo Angola, alegadamente, "o pais que deu a luz a danca contemporanea em Africa", este nao se faca (ainda) representar nos Masterclasses e Workshops do festival dedicados a essa arte - e neste ponto, a fonte chama particularmente a atencao para as Masterclasses sobre o Hip Hop, genero que ja' aqui foi bastante discutido. Foi-lhe igualmente impossivel apurar por que razao da lista de personalidades ligadas a danca e coreografos convidados para o festival, abaixo transcrita, nao consta (ainda) nenhum nome relacionado com Angola...



Les personnalités et chorégraphes invités:

Rui Moreira (Brésil), Desmond Richardson (USA), Germaine Acogny (Sénégal), Willa Jo Zollar (USA), Werewere Linking (Côte d’Ivoire), Serge Aimé Coulibaly (Burkina Faso), Damien Zambo (Cameroun), Adafrez Bezuneh (Ethiopie), Sanjeev Bhargava (Inde), Armilinda Gomes Cabral Semedo (Cap Vert), Riyad Fghani (Algérie), Lilou (Algérie), Azdine Ben Youcef (Algérie), Efrén Marcos Suarez Torres (Cuba), Adrian Augier (St Lucie), Steven Faleni, Vusi Mdoyi, Buru Mohlabane (Afrique du Sud), Prince M. F. Lamba (Zambie)
.



[image d'ici]


[Plus d'informations: ici, ici, ici, ici, ici , ici, ici et ici]

RELATED POST:

Other Views: Art History in (South) Africa and The Global South


[*] Outra presenca assinalavel no festival e' a de Simao Souindoula, como aqui se noticia.

UPDATE


A nossa fonte voltou hoje a contactar-nos para nos informar que uma dita Cie d'Angola, presumivelmente a troupe de mademoiselle acima mencionada, actuara' num certo dia do festival, porem a sua margem.

Mais acrescenta a fonte que este update do programa oficial do festival foi feito apenas na vespera do seu inicio, o que evidencia o facto de que a dita Cie d'Angola se faz representar "a pato" no festival (ou, para usar uma expressao mais familiar ao bando, "infiltraram-se num festival de peritos"...) - certamente gracas aos seus links com o p(h)oder -, porque se fosse representar oficialmente Angola, e ainda por cima como alegada "convidada especial", teria, tal como o Bonga, sido convidada com a devida antecedencia e incluida no programa com o devido destaque, como mandam as normas protocolares neste tipo de eventos.

Alias, so' o facto de ela dizer "pomposamente" que a sua companhia vai "representar Angola" em Xangai (sendo que, supostamente, todo o mundo se deveria por isso "roer de inveja" ou sentir "dor de cotovelo"...) e no Senegal, como "convidada especial" (como se uma "convidada especial" fosse apenas mencionada no programa oficial a ultima hora e relegada a uma apresentacao conjunta com outros grupos fora do centro das actividades do festival...), sem nunca mencionar os outros Angolanos que la' foram representar Angola - nao que fosse de esperar que ela sequer mencionasse o Kota Bonga, de quem apenas diz os piores "cobras e lagartos", mas pelo menos os outros que ate' sao da sua "geracao" (etaria, psicologica, emocional, cultural, social, etc.) - nao so' evidencia flagrantemente o quanto e' intelectualmente desonesta (leia-se tambem o quanto e' capaz de mentir descaradamente!), como ja' diz o quanto ela luta com unhas e dentes, a viva forca, para ser "unica" e "invejada"!!...

[Imagem d'aki]





ADENDA

[imagem daqui]


Qual a diferenca qual e' ela entre o trabalho de Maqoma (sobre cuja performance em Angola a nossa 'vamp' se manteve estranhamente silenciosa!...), bem como o de outros artistas Africanos, e o da demoiselle a que aqui nos vimos referindo?

A diferenca e' muito mais simples do que a mera imagem/composicao estetica de violinos e violoncelos (ou outros instrumentos musicais de origem europeia) "abrilhantando", ou "civilizando", dancas africanas, mas e', porem, igualmente muito mais profunda e fundamental: Maqoma investiga HONESTAMENTE a sua propria IDENTIDADE (repare-se no logo deste festival...) em relacao com a Historia, a Humanidade e a Natureza... enquanto a demoiselle em questao, nao so' demonstrou a saciedade ignorar, como abominar aberta e arrogantemente o proprio conceito de IDENTIDADE (tendo por isso dito que eu, por o defender, "deveria cometer um suicidio em grande estilo" ou ser "esquartejada a catanada"!!!) e tem advogado CINICAMENTE, juntamente com os seus acolitos (alguns dos quais ditos negros, mas que tambem dizem "nao se identificar com Africanos"...), o "white-washing" da Historia de Africa! Isto para nao mencionar o celebre abaixo-assinado que lhe foi dirigido por pratica de RACISMO CONTRA NEGROS na escola de danca que dirigia...

Put simply: ACGM e' declarada e incorrigivelmente RACISTA DE EXTREMA DIREITA E SUPREMACISTA BRANCA!!!

Maqoma NAO!

Mais: Maqoma, pelo seu natural respeito pela Humanidade e a Natureza, de acordo com a sua cultura ancestral Africana, certamente jamais se referiria, e ainda por cima em publico (!), a outro ser humano - o sagrado Ntu da cultura baNtu - muito menos um colega de profissao (... e por nenhuma outra razao aparente que nao este ter tido o atrevimento de obter destaque num jornal que o considerava "o verdadeiro icone"... ou seja, por ter tido o atrevimento de fazer sombra a prima donna!), por sinal negro, como um "item que merece ser abortado" (... o que e', alias, reminiscente de um certo "lixo de Angola" - mera coincidencia?...) e a si proprio como unico "conhecedor" da danca no seu pais - sendo certo que qualquer que seja o nivel de conhecimento academico que ele tenha das suas dancas tradicionais, ele nasceu com e no meio delas: nao teve que os ir vulturar a Culturas Africanas que nao sao originariamente as suas e que antes tivera abominado e que continua a ridicularizar apenas para fabricar "plasticamente" uma 'Companhia de Danca Contemporanea' privada a partir de uma 'Academia de Ballet Classico Europeu' estatal falida! Dito de outro modo, Maqoma chega a 'danca contemporanea' a partir das suas proprias raizes culturais ancestrais intuitiva e organicamente, nao por inseminacao artificial como e' o caso de ACGM...

Numa palavra: Maqoma, tal como Pina Bausch, tem ALMA! ... ACGM... DEFINITIVAMENTE NAO!!!

Mais ainda: Maqoma nao danca ballet classico europeu desde os 8 anos de idade... e apenas o ridiculariza!


[imagem daqui]


E to top it all up, ou, dito de outro modo, para por "o preto no branco", e certamente FACTO nao negligenciavel para um Festival Mundial de ARTES NEGRAS, Maqoma e' NEGRO! ACGM... DEFINITIVAMENTE NAO (... seja racica, etnica, tribal, identitaria, cultural, social, politica, ou ideologicamente... e por muito que cubra o corpo semi-nu, ou nu, de chocolate preto)!!!

[E... antes que comecem as mais do que habituais " ameacas e chantagens emocionais" da praxe...:
Com isto pretendendo significar apenas que se o que a sua companhia apresenta, "inspirado" numa cultura africana negra (ou, ja' agora, copiado deste blog) e protagonizado por bailarinos negros, pode passar por "artes negras", isso nao a torna ipso facto negra, nem pertencente a cultura em que se "inspirou" apenas atraves de algumas "visitas de trabalho" - e este particular pode aplicar-se igualmente aos seus bailarinos (veja-se, a este proposito, a diferenca entre tais "visitas medicas" e os longos periodos de residencia e interaccao de uma investigadora seria como Marie Louise Bastin). E este "veredicto" e' baseado nao em qualquer tipo de "preconceito ou discriminacao racial", mas tao so' nas suas atitudes e posicionamentos amplamente registados neste blog! ]


EM SUMA:


ACGM deveria ter VERGONHA de sequer contemplar a possibilidade de por os pes num Festival de Artes Negras!!!

[Mas... vergonha na cara (!), e' certamente algo que nem ela, nem os seus noirs - VULTOS, arrivistas e oportunistas, em suma CARAS DE PAU, como sempre foram - teem ou alguma vez terao. Certamente nao enquanto continuarem a ser apoiados cegamente pelo governo de Angola, em nome de uma nocao de "progresso" que nem eles proprios sao capazes de explicar coerentemente e sistematicamente em detrimento de outros grupos de danca nacionais ('tradicionais', 'patrimoniais', 'modernos', 'contemporaneos', ou 'futuristas'...) de igual, ou maior, merito no pais (quanto mais nao seja porque nao partiram de um background tao previligiado, nem contam com o apoio incondicional e continuado do poder!), evidentemente apenas porque e' branca, vem do ballet classico europeu (... "porque so' assim progrediremos"!...) desde os oito anos de idade, fruto da sua condicao de filha da previligiada (ex) burguesia colonial (condicao que, de resto, e ao contrario de outros - como este ou este -, ela nunca abdicou, repudiou, ou renegou, bien au contraire: faz muita gala e questao disso!) e... porque trabalha no Ministerio da Cultura ha' 33 anos (... e como ela faz muita questao de 'arrotar' enquanto se sente no direito de pisar tudo e todos que, como eu (a quem, a nao esquecer, ela chegou a dirigir ameacas de morte - abertas e veladas!...) , tenham "o atrevimento" sequer de se lhe dirigir com "questoes inoportunas", com o seu "mais alto galardao do estado angolano": "tenho as costas largas"!...), muito embora a companhia com que diz "representar oficialmente Angola na qualidade de convidada especial" seja sua propriedade privada!
E o certo e' que, a partir de agora, nao so' continuara' a auto-proclamar-se "Mais Angolana do que a Angolanidade" e "Mais Africana do que a Africanidade", como tambem... "MAIS NEGRA DO QUE A NEGRITUDE" e... "MAIS AUTENTICA DO QUE A AUTHENTICITE'"!!!]




[imagem daqui]

Mas ha' uma outra questao - e essa e' mais do foro politico-ideologico do que do artistico-cultural: porque que ACGM e' tratada como "vaca sagrada" pelo Ministerio da Cultura e pelo Governo de Angola? Apenas porque "trabalha para eles ha' 33 anos" e por isso pode ser considerada "prata da casa"? Talvez tambem, mas nao apenas.

Como aqui observei a proposito do conceito de "homem novo", o MPLA sempre prosseguiu a politica "assimilacionista" herdada do regime colonial - se nao de forma declarada nos seus programas, declaracoes, discursos e resolucoes, seguramente de forma implicita na sua praxis: a "proteccao" dos nao-negros, em particular os que o integraram na luta anti-colonial, e a "premiacao" daqueles que, com ou sem participacao na luta anti-colonial, ficaram no pais depois da independencia, com a sua integracao nas estruturas do poder de estado (e, no caso dos ultimos, especialmente durante o "movimento de rectificacao" que se seguiu ao 27 de Maio de 1977, a sua integracao no partido como "militantes"), ou com outras "recompensas", era condicao sine qua non para a sua qualificacao como "progressista" e factor decisivo de "diferenciacao" em relacao aos outros movimentos de libertacao, agora partidos politicos da oposicao.

Mas o que nunca esteve previsto, nem implicita, nem explicitamente - e aqui permito-me o atrevimento de falar como alguem que sempre esteve proxima do MPLA e que ate' militou nas suas estruturas (... como frequentemente se diz/ia a proposito deste tipo de questoes: ... "nao foi nada disso que a gente combinou!"...) - era que tal "proteccao" e "premiacao" viessem a significar, na pratica, que os nao-negros em causa, passassem a ser "intocaveis" como ACGM claramente e'... e se nao e', declaradamente e sem quaisquer rebucos, comporta-se como tal - e', alias, (tambem, mas nao apenas) naquela velha tradicao Mplista que o actual lider do BD aparece em publico a "defender" a sua "educacao e elegancia", como aqui fiz notar...! Sendo que, ademais, nao se lhe conhece qualquer vinculo particularmente significativo, organico ou outro, ao MPLA - a nao ser para colher os seus "beneficios", "premios" e "patrocinios"!

Mas, mais importante ainda do que isso, e' que a politica "assimilacionista" e', tambem sem quaisquer rebucos, uma politica "integracionista eurocentrica". Neste contexto, "progresso" e "progressista" significam, nada mais nada menos, do que a adopcao das normas, padroes, canones, praticas, costumes, linguas e culturas europeias - leia-se aqui portuguesas... Assim, o que ACGM vai fazer as Lundas ou ao Moxico, nao e' tentar "integrar-se" na cultura Tchokwe' (ou Cokwe, como preferirem) e adoptar as suas normas e padroes na sua praxis quotidiana de vida (... como nosotros fomos obrigados a fazer sob a politica assimilacionista colonial em relacao a cultura portuguesa!... e, como alguns europeus o fizeram em relacao a algumas das nossas culturas, como aqui se pode constatar), mas apenas ir buscar e trazer, qual kamanguista, alguns elementos daquela cultura, em particular os ligados a danca e, muito especialmente, a sexualidade das suas mulheres, para a "civilizacao" da cidade capital, despudoradamente apropriar-se deles e mescla-los com a sua cultura de origem e de matriz, a europeia/portuguesa, chamar-lhes "cultura, ou danca, contemporanea africana" e dar as suas "pecas" titulos do genero "fantastico-psicadelico-intelectualoide"... Mais nada! E se isso pode ser considerado "legitimo" artisticamente, o que ja' nao e' legitimo e' que ela se comporte como "criadora" da cultura Tchokwe' (Cokwe) ou sua "legitima representante" ou, mais ainda, kaTchokwe': a isso eu chamo, tambem sem quaisquer rebucos, "vulturismo cultural"! E muito menos entitular, como ela o faz, o que ela chama "danca contemporanea africana", como "unico" sinonimo de "qualidade" e "progresso"... porque nao e'! Ou melhor dito: nao e' necessaria nem unicamente!

Porque? Talvez a praxis de outros paises africanos, e em particular da Africa do Sul, o explique melhor: nesses paises, a "danca contemporanea africana" (um conceito que, de resto, nao e' pacifico, como este livro claramente o indica...) coexiste pacificamente com (... nao e' considerada "superior"! Embora, em termos opinativos e meramente subjectivos, qualquer um tenha o direito de o considerar, certa ou erradamente, como tal...) as outras formas de danca ou de expressao cultural.

Assim, um Maqoma na Africa do Sul (onde, convem notar-se, o ballet e a musica classica continuam a ter o seu devido lugar reservado) nao e' considerado "unico representante" da danca, das artes ou da cultura do seu pais, e a sua companhia de danca tem o mesmo status cultural que qualquer outro grupo de danca, desde que demonstrem niveis aceitaveis de qualidade e integridade dentro dos seus respectivos estilos e generos, ou de qualquer outra expressao artistica de qualquer outro grupo etno-linguistico componente do seu vasto e diverso mosaico nacional - como, alias, a sua designacao oficial, especialmente em termos de Politica Cultural, como The Rainbow Nation claramente o indica - dando significado e cor a palavra DIVERSIDADE.

Agora, imagine-se um Maqoma angolano: ficaria eternamente subalternizado a uma ACGM por nao ser herdeiro da burguesia branca do tempo do apartheid, nao andar no ballet classico europeu desde os 8 anos de idade e nao ter uma "parceria publico-privada" com o Ministerio da Cultura!

Mais: nesses paises, o uso de um violino (ou de qualquer outro instrumento musical de origem europeia), ou de um movimento de ballet classico, ou a presenca no grupo de, ou a sua direccao por, uma pessoa nao-negra, nao significa "univocamente" sinal de "qualidade e/ou progresso" - o que no caso da Angola "comandada" por ACGM significa que se esta' no "caminho certo"... para onde? Para o "padrao europeu", e' a resposta! Ou, no quadro da "neofita ideologia dos pretensos afectos" e do "movimento da recolonizacao", para a "Nacao Crioula"! E isso e' mau? - perguntar-me-ao. E eu responderei: nao necessariamente, desde que nao se advogue que esse e' o "unico caminho" valido culturalmente num pais tao diverso racial, social e etno-linguisticamente como Angola.

Os Angolanos (e a Humanidade!) ja' viram guerras e genocidios suficientes por essas razoes para nao continuarem a cometer o mesmo erro!

Tenho dito.




Acaba de chegar a minha redaccao, de fonte (ainda) (in)segura, a seguinte informacao:


O musico Angolano Bonga sera’ uma das figuras de maior destaque no Festival Mundial de Artes Negras, a realizar-se no Senegal de 10 a 31 de Dezembro de 2010. Tal como o fez recentemente na Expo Mundial de Xangai (verificar aqui e aqui), Bonga representar-se-ha’ exclusivamente por merito proprio e a Angola unicamente por direito incontestavel.[*]

A mesma fonte acrescenta que, embora tenha sido anunciada por fontes (ainda nao)identificadas a presenca de alguns ballerinos negros comandados por uma prima donna classica europeia branca, mais conhecida em certos circulos "afectuosos" por vulta racista psicopata, provenientes de Angola, a sua prestacao, embora alegadamente "na qualidade de convidada especial", (ainda) nao consta do programa oficial do festival.

Mais acrescenta a fonte que nao lhe foi possivel obter junto dos organizadores do festival uma explicacao para o facto de, sendo Angola, alegadamente, "o pais que deu a luz a danca contemporanea em Africa", este nao se faca (ainda) representar nos Masterclasses e Workshops do festival dedicados a essa arte - e neste ponto, a fonte chama particularmente a atencao para as Masterclasses sobre o Hip Hop, genero que ja' aqui foi bastante discutido. Foi-lhe igualmente impossivel apurar por que razao da lista de personalidades ligadas a danca e coreografos convidados para o festival, abaixo transcrita, nao consta (ainda) nenhum nome relacionado com Angola...



Les personnalités et chorégraphes invités:

Rui Moreira (Brésil), Desmond Richardson (USA), Germaine Acogny (Sénégal), Willa Jo Zollar (USA), Werewere Linking (Côte d’Ivoire), Serge Aimé Coulibaly (Burkina Faso), Damien Zambo (Cameroun), Adafrez Bezuneh (Ethiopie), Sanjeev Bhargava (Inde), Armilinda Gomes Cabral Semedo (Cap Vert), Riyad Fghani (Algérie), Lilou (Algérie), Azdine Ben Youcef (Algérie), Efrén Marcos Suarez Torres (Cuba), Adrian Augier (St Lucie), Steven Faleni, Vusi Mdoyi, Buru Mohlabane (Afrique du Sud), Prince M. F. Lamba (Zambie)
.



[image d'ici]


[Plus d'informations: ici, ici, ici, ici, ici , ici, ici et ici]

RELATED POST:

Other Views: Art History in (South) Africa and The Global South


[*] Outra presenca assinalavel no festival e' a de Simao Souindoula, como aqui se noticia.

UPDATE


A nossa fonte voltou hoje a contactar-nos para nos informar que uma dita Cie d'Angola, presumivelmente a troupe de mademoiselle acima mencionada, actuara' num certo dia do festival, porem a sua margem.

Mais acrescenta a fonte que este update do programa oficial do festival foi feito apenas na vespera do seu inicio, o que evidencia o facto de que a dita Cie d'Angola se faz representar "a pato" no festival (ou, para usar uma expressao mais familiar ao bando, "infiltraram-se num festival de peritos"...) - certamente gracas aos seus links com o p(h)oder -, porque se fosse representar oficialmente Angola, e ainda por cima como alegada "convidada especial", teria, tal como o Bonga, sido convidada com a devida antecedencia e incluida no programa com o devido destaque, como mandam as normas protocolares neste tipo de eventos.

Alias, so' o facto de ela dizer "pomposamente" que a sua companhia vai "representar Angola" em Xangai (sendo que, supostamente, todo o mundo se deveria por isso "roer de inveja" ou sentir "dor de cotovelo"...) e no Senegal, como "convidada especial" (como se uma "convidada especial" fosse apenas mencionada no programa oficial a ultima hora e relegada a uma apresentacao conjunta com outros grupos fora do centro das actividades do festival...), sem nunca mencionar os outros Angolanos que la' foram representar Angola - nao que fosse de esperar que ela sequer mencionasse o Kota Bonga, de quem apenas diz os piores "cobras e lagartos", mas pelo menos os outros que ate' sao da sua "geracao" (etaria, psicologica, emocional, cultural, social, etc.) - nao so' evidencia flagrantemente o quanto e' intelectualmente desonesta (leia-se tambem o quanto e' capaz de mentir descaradamente!), como ja' diz o quanto ela luta com unhas e dentes, a viva forca, para ser "unica" e "invejada"!!...

[Imagem d'aki]





ADENDA

[imagem daqui]


Qual a diferenca qual e' ela entre o trabalho de Maqoma (sobre cuja performance em Angola a nossa 'vamp' se manteve estranhamente silenciosa!...), bem como o de outros artistas Africanos, e o da demoiselle a que aqui nos vimos referindo?

A diferenca e' muito mais simples do que a mera imagem/composicao estetica de violinos e violoncelos (ou outros instrumentos musicais de origem europeia) "abrilhantando", ou "civilizando", dancas africanas, mas e', porem, igualmente muito mais profunda e fundamental: Maqoma investiga HONESTAMENTE a sua propria IDENTIDADE (repare-se no logo deste festival...) em relacao com a Historia, a Humanidade e a Natureza... enquanto a demoiselle em questao, nao so' demonstrou a saciedade ignorar, como abominar aberta e arrogantemente o proprio conceito de IDENTIDADE (tendo por isso dito que eu, por o defender, "deveria cometer um suicidio em grande estilo" ou ser "esquartejada a catanada"!!!) e tem advogado CINICAMENTE, juntamente com os seus acolitos (alguns dos quais ditos negros, mas que tambem dizem "nao se identificar com Africanos"...), o "white-washing" da Historia de Africa! Isto para nao mencionar o celebre abaixo-assinado que lhe foi dirigido por pratica de RACISMO CONTRA NEGROS na escola de danca que dirigia...

Put simply: ACGM e' declarada e incorrigivelmente RACISTA DE EXTREMA DIREITA E SUPREMACISTA BRANCA!!!

Maqoma NAO!

Mais: Maqoma, pelo seu natural respeito pela Humanidade e a Natureza, de acordo com a sua cultura ancestral Africana, certamente jamais se referiria, e ainda por cima em publico (!), a outro ser humano - o sagrado Ntu da cultura baNtu - muito menos um colega de profissao (... e por nenhuma outra razao aparente que nao este ter tido o atrevimento de obter destaque num jornal que o considerava "o verdadeiro icone"... ou seja, por ter tido o atrevimento de fazer sombra a prima donna!), por sinal negro, como um "item que merece ser abortado" (... o que e', alias, reminiscente de um certo "lixo de Angola" - mera coincidencia?...) e a si proprio como unico "conhecedor" da danca no seu pais - sendo certo que qualquer que seja o nivel de conhecimento academico que ele tenha das suas dancas tradicionais, ele nasceu com e no meio delas: nao teve que os ir vulturar a Culturas Africanas que nao sao originariamente as suas e que antes tivera abominado e que continua a ridicularizar apenas para fabricar "plasticamente" uma 'Companhia de Danca Contemporanea' privada a partir de uma 'Academia de Ballet Classico Europeu' estatal falida! Dito de outro modo, Maqoma chega a 'danca contemporanea' a partir das suas proprias raizes culturais ancestrais intuitiva e organicamente, nao por inseminacao artificial como e' o caso de ACGM...

Numa palavra: Maqoma, tal como Pina Bausch, tem ALMA! ... ACGM... DEFINITIVAMENTE NAO!!!

Mais ainda: Maqoma nao danca ballet classico europeu desde os 8 anos de idade... e apenas o ridiculariza!


[imagem daqui]


E to top it all up, ou, dito de outro modo, para por "o preto no branco", e certamente FACTO nao negligenciavel para um Festival Mundial de ARTES NEGRAS, Maqoma e' NEGRO! ACGM... DEFINITIVAMENTE NAO (... seja racica, etnica, tribal, identitaria, cultural, social, politica, ou ideologicamente... e por muito que cubra o corpo semi-nu, ou nu, de chocolate preto)!!!

[E... antes que comecem as mais do que habituais " ameacas e chantagens emocionais" da praxe...:
Com isto pretendendo significar apenas que se o que a sua companhia apresenta, "inspirado" numa cultura africana negra (ou, ja' agora, copiado deste blog) e protagonizado por bailarinos negros, pode passar por "artes negras", isso nao a torna ipso facto negra, nem pertencente a cultura em que se "inspirou" apenas atraves de algumas "visitas de trabalho" - e este particular pode aplicar-se igualmente aos seus bailarinos (veja-se, a este proposito, a diferenca entre tais "visitas medicas" e os longos periodos de residencia e interaccao de uma investigadora seria como Marie Louise Bastin). E este "veredicto" e' baseado nao em qualquer tipo de "preconceito ou discriminacao racial", mas tao so' nas suas atitudes e posicionamentos amplamente registados neste blog! ]


EM SUMA:


ACGM deveria ter VERGONHA de sequer contemplar a possibilidade de por os pes num Festival de Artes Negras!!!

[Mas... vergonha na cara (!), e' certamente algo que nem ela, nem os seus noirs - VULTOS, arrivistas e oportunistas, em suma CARAS DE PAU, como sempre foram - teem ou alguma vez terao. Certamente nao enquanto continuarem a ser apoiados cegamente pelo governo de Angola, em nome de uma nocao de "progresso" que nem eles proprios sao capazes de explicar coerentemente e sistematicamente em detrimento de outros grupos de danca nacionais ('tradicionais', 'patrimoniais', 'modernos', 'contemporaneos', ou 'futuristas'...) de igual, ou maior, merito no pais (quanto mais nao seja porque nao partiram de um background tao previligiado, nem contam com o apoio incondicional e continuado do poder!), evidentemente apenas porque e' branca, vem do ballet classico europeu (... "porque so' assim progrediremos"!...) desde os oito anos de idade, fruto da sua condicao de filha da previligiada (ex) burguesia colonial (condicao que, de resto, e ao contrario de outros - como este ou este -, ela nunca abdicou, repudiou, ou renegou, bien au contraire: faz muita gala e questao disso!) e... porque trabalha no Ministerio da Cultura ha' 33 anos (... e como ela faz muita questao de 'arrotar' enquanto se sente no direito de pisar tudo e todos que, como eu (a quem, a nao esquecer, ela chegou a dirigir ameacas de morte - abertas e veladas!...) , tenham "o atrevimento" sequer de se lhe dirigir com "questoes inoportunas", com o seu "mais alto galardao do estado angolano": "tenho as costas largas"!...), muito embora a companhia com que diz "representar oficialmente Angola na qualidade de convidada especial" seja sua propriedade privada!
E o certo e' que, a partir de agora, nao so' continuara' a auto-proclamar-se "Mais Angolana do que a Angolanidade" e "Mais Africana do que a Africanidade", como tambem... "MAIS NEGRA DO QUE A NEGRITUDE" e... "MAIS AUTENTICA DO QUE A AUTHENTICITE'"!!!]




[imagem daqui]

Mas ha' uma outra questao - e essa e' mais do foro politico-ideologico do que do artistico-cultural: porque que ACGM e' tratada como "vaca sagrada" pelo Ministerio da Cultura e pelo Governo de Angola? Apenas porque "trabalha para eles ha' 33 anos" e por isso pode ser considerada "prata da casa"? Talvez tambem, mas nao apenas.

Como aqui observei a proposito do conceito de "homem novo", o MPLA sempre prosseguiu a politica "assimilacionista" herdada do regime colonial - se nao de forma declarada nos seus programas, declaracoes, discursos e resolucoes, seguramente de forma implicita na sua praxis: a "proteccao" dos nao-negros, em particular os que o integraram na luta anti-colonial, e a "premiacao" daqueles que, com ou sem participacao na luta anti-colonial, ficaram no pais depois da independencia, com a sua integracao nas estruturas do poder de estado (e, no caso dos ultimos, especialmente durante o "movimento de rectificacao" que se seguiu ao 27 de Maio de 1977, a sua integracao no partido como "militantes"), ou com outras "recompensas", era condicao sine qua non para a sua qualificacao como "progressista" e factor decisivo de "diferenciacao" em relacao aos outros movimentos de libertacao, agora partidos politicos da oposicao.

Mas o que nunca esteve previsto, nem implicita, nem explicitamente - e aqui permito-me o atrevimento de falar como alguem que sempre esteve proxima do MPLA e que ate' militou nas suas estruturas (... como frequentemente se diz/ia a proposito deste tipo de questoes: ... "nao foi nada disso que a gente combinou!"...) - era que tal "proteccao" e "premiacao" viessem a significar, na pratica, que os nao-negros em causa, passassem a ser "intocaveis" como ACGM claramente e'... e se nao e', declaradamente e sem quaisquer rebucos, comporta-se como tal - e', alias, (tambem, mas nao apenas) naquela velha tradicao Mplista que o actual lider do BD aparece em publico a "defender" a sua "educacao e elegancia", como aqui fiz notar...! Sendo que, ademais, nao se lhe conhece qualquer vinculo particularmente significativo, organico ou outro, ao MPLA - a nao ser para colher os seus "beneficios", "premios" e "patrocinios"!

Mas, mais importante ainda do que isso, e' que a politica "assimilacionista" e', tambem sem quaisquer rebucos, uma politica "integracionista eurocentrica". Neste contexto, "progresso" e "progressista" significam, nada mais nada menos, do que a adopcao das normas, padroes, canones, praticas, costumes, linguas e culturas europeias - leia-se aqui portuguesas... Assim, o que ACGM vai fazer as Lundas ou ao Moxico, nao e' tentar "integrar-se" na cultura Tchokwe' (ou Cokwe, como preferirem) e adoptar as suas normas e padroes na sua praxis quotidiana de vida (... como nosotros fomos obrigados a fazer sob a politica assimilacionista colonial em relacao a cultura portuguesa!... e, como alguns europeus o fizeram em relacao a algumas das nossas culturas, como aqui se pode constatar), mas apenas ir buscar e trazer, qual kamanguista, alguns elementos daquela cultura, em particular os ligados a danca e, muito especialmente, a sexualidade das suas mulheres, para a "civilizacao" da cidade capital, despudoradamente apropriar-se deles e mescla-los com a sua cultura de origem e de matriz, a europeia/portuguesa, chamar-lhes "cultura, ou danca, contemporanea africana" e dar as suas "pecas" titulos do genero "fantastico-psicadelico-intelectualoide"... Mais nada! E se isso pode ser considerado "legitimo" artisticamente, o que ja' nao e' legitimo e' que ela se comporte como "criadora" da cultura Tchokwe' (Cokwe) ou sua "legitima representante" ou, mais ainda, kaTchokwe': a isso eu chamo, tambem sem quaisquer rebucos, "vulturismo cultural"! E muito menos entitular, como ela o faz, o que ela chama "danca contemporanea africana", como "unico" sinonimo de "qualidade" e "progresso"... porque nao e'! Ou melhor dito: nao e' necessaria nem unicamente!

Porque? Talvez a praxis de outros paises africanos, e em particular da Africa do Sul, o explique melhor: nesses paises, a "danca contemporanea africana" (um conceito que, de resto, nao e' pacifico, como este livro claramente o indica...) coexiste pacificamente com (... nao e' considerada "superior"! Embora, em termos opinativos e meramente subjectivos, qualquer um tenha o direito de o considerar, certa ou erradamente, como tal...) as outras formas de danca ou de expressao cultural.

Assim, um Maqoma na Africa do Sul (onde, convem notar-se, o ballet e a musica classica continuam a ter o seu devido lugar reservado) nao e' considerado "unico representante" da danca, das artes ou da cultura do seu pais, e a sua companhia de danca tem o mesmo status cultural que qualquer outro grupo de danca, desde que demonstrem niveis aceitaveis de qualidade e integridade dentro dos seus respectivos estilos e generos, ou de qualquer outra expressao artistica de qualquer outro grupo etno-linguistico componente do seu vasto e diverso mosaico nacional - como, alias, a sua designacao oficial, especialmente em termos de Politica Cultural, como The Rainbow Nation claramente o indica - dando significado e cor a palavra DIVERSIDADE.

Agora, imagine-se um Maqoma angolano: ficaria eternamente subalternizado a uma ACGM por nao ser herdeiro da burguesia branca do tempo do apartheid, nao andar no ballet classico europeu desde os 8 anos de idade e nao ter uma "parceria publico-privada" com o Ministerio da Cultura!

Mais: nesses paises, o uso de um violino (ou de qualquer outro instrumento musical de origem europeia), ou de um movimento de ballet classico, ou a presenca no grupo de, ou a sua direccao por, uma pessoa nao-negra, nao significa "univocamente" sinal de "qualidade e/ou progresso" - o que no caso da Angola "comandada" por ACGM significa que se esta' no "caminho certo"... para onde? Para o "padrao europeu", e' a resposta! Ou, no quadro da "neofita ideologia dos pretensos afectos" e do "movimento da recolonizacao", para a "Nacao Crioula"! E isso e' mau? - perguntar-me-ao. E eu responderei: nao necessariamente, desde que nao se advogue que esse e' o "unico caminho" valido culturalmente num pais tao diverso racial, social e etno-linguisticamente como Angola.

Os Angolanos (e a Humanidade!) ja' viram guerras e genocidios suficientes por essas razoes para nao continuarem a cometer o mesmo erro!

Tenho dito.

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