Wednesday 1 August 2012

(mais uma vez...) Gostei de Ler.



Sou um cidadão comum, como qualquer outro. Com convicções, com escolhas, com ideias que me definem como defendendo uma ideologia que é de esquerda. Marxista convicto, educado por duas pessoas, uma de formação claramente progressista e outra católica apostólica romana defensora
da Igreja na perspectiva de João XXIII e de Paulo VI, de ambos os lados me ficaram, com naturalidade,
valores como o humanismo, a solidariedade, o respeito, e a recusa do egoísmo, da maldade humana, e principalmente um certo desconforto pelos que não têm opiniões próprias e autónomas. Andam ao sabor do que os ventos determinam.
Vem isto a propósito de ter tido a satisfação de ler e ouvir, da boca do Presidente da República, um apelo a todos para que a campanha eleitoral decorra com elevação, sem insultos, com o sentido cívico que deve ser peculiar de um momento histórico como este. Na senda do que aqui tinha deixado escrito num texto intitulado “Não vale tudo”.
Daí que, a condição de cidadãos comuns, desemboque, no exercício da nossa profissão, de uma responsabilidade acrescida relativa a outros cidadãos comuns. Particularmente a nós, jornalistas, cronistas, repórteres, que fazemos das palavras uma força poderosa de disseminação de ideias, ideias essas que conduzem a vários tipos de consequência, cabe uma responsabilidade que tem tanto de gratificante como de grave e séria. Uma palavra nossa pode ocasionar, consciente ou inconscientemente, resultados que ninguém mais quer voltem a suceder no nosso País.
De guerras, de armas, de violência – seja ela verbal, física ou emocional estamos todos esgotados. Por isso, e por mais que seja necessário contermo-nos o mais possível, não entrando em agressões de qualquer espécie, até para darmos ao mundo um exemplo de educação, civismo e de alguma maturidade que a nossa História recente nos obriga a ter, torna-se impossível não reafirmar que o insulto barato, grosseiro, ordinário, enfatuado, de uma só aparente e pretensa superioridade moral (que desmorona de imediato, porque não assente em nada sério e justificável) constitui um erro crasso, uma demonstração de falta de respeito, de inexistência de quaisquer princípios morais , e até da ausência de algo básico: a boa educação.
A persistência nesse tipo de discurso, de colegas deste ofício, além de demonstrar uma clara falta de auto-confiança, não se coaduna em absoluto com o que vêm sendo os pressupostos defendidos pelo Chefe de Estado, nas vezes que se vem dirigindo à população.
A diabolização de alguém, cuja opção é distinta da nossa, pode ter efeitos perversos na estratégia de quem escolhe a grosseria, a falta de mínimas regras de uma convivência democrática e pluralista. É o inverso que deve ser feito. Acentuar as diferenças programáticas dos partidos, que são chamados a tentar convencer os eleitores. Persuadir os cidadãos do projecto que entendemos mais coerente, mais sério, a médio e longo prazo, sobre as grandes questões e opções nacionais.
A arrogância, o despudor, a tentative de, a todo o preço baixar o nível do debate, da discussão, não leva ninguém a ser convencido. A consciência tranquila, a transmissão livre e democrática das ideias de cada um, o respeito pelo outro, a explicação simples e lógica dos grandes projectos que cada um defende, são a melhor forma de criticar e “atacar” politicamente os adversários.
Caso contrário, desrespeitamos todo o caminho que nos trouxe até aqui, desrespeitamos todos os que lutaram para que o nosso processo histórico fosse conduzido num determinado sentido, e pior, desrespeitamo-nos a nós próprios, no exercício de uma profissão que deve transmitir a quem nos lê, ouve ou vê, tranquilidade, segurança, confiança, optimismo e crença nos que põem à nossa disposição, várias opções sobre a possibilidade de escolhermos quem queremos para governar.
Tudo o resto são tiros nos pés e a passagem de uma imagem demasiado negativa de quem somos…
Ou então, voltando à educação que cada um teve, como dizia minha velha Mãe, “quem dá o que pode, a mais não é obrigado”…

[in Novo Jornal #236 - 27/07/12]


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N.B.:  Apraz-me sobremaneira registar estas palavras sensatas, por razoes obvias para quem vem seguindo este blog desde o inicio e as minhas paginas no Facebook nos ultimos meses. Um prazer acrescido pelo facto de as ler no jornal onde, tanto quanto me pude aperceber, se desferiram os primeiros golpes contra mim numa bem conhecida campanha mediatica que desde o inicio recorreu ao "vale tudo"!...
E longe se estava ainda da campanha eleitoral - tanto da actual como da anterior.
No entanto, nao posso deixar de colocar as seguintes questoes:
- O Carlos Ferreira fala em deveres e depois "denuncia" o incumprimento generalizado de tais deveres pelos jornalistas. Ora, nao tem a classe jornalistica angolana um "conselho deontologico"? Nao tem a sociedade angolana um "Conselho Nacional para a Comunicacao Social"?
- Porque entao, perante casos como este (o qual, note-se, se tem vindo a agravar descontrolada e perigosamente desde que fiz a denuncia inicial), nenhum desses orgaos se pronuncia - ainda que apenas internamente?
- Porque razao o Presidente da Republica, considerado por "muito boa gente" (alguma da qual directamente envolvida nos e/ou perpetradora dos comportamentos criticados neste artigo...) como um "ditador", nao usa os seus "poderes ditatoriais" para impedir que se jogue o "vale tudo" contra cidadaos comuns e indefesos como eu?! E com a "responsabilidade acrescida" de tais ataques serem feitos em nome de uma "punicao" por alegadamente eu ser "servidora do poder" e "pau mandado de JES"?!...

- E' certo que ha' gente na doente sociedade angolana que tem na massa do sangue o impulso incontrolavel de "puxar faca na briga"... Porem, nao so' eu nao fui "comprar briga" com tal gente, como nao tenho os mesmos meios atacantes que eles teem ao seu dispor!...

- Nos EUA, ha' um psicologo social que foi catapultado a fama nacional e internacional pela sua prestacao no programa da Oprah Winfrey, o Dr. Phil. Uma frase dele que, ha' muitos anos, registei foi esta: "as pessoas so' engajam persistentemente num comportamento danoso, quando nao criminoso, quando se veem compensadas por isso" ou, dito de outro modo, "quando para elas o crime compensa"!...

Pois bem: desde o inicio desta campanha contra a minha pessoa, eu tenho visto varios, senao todos, os seus principais protagonistas, serem compensados de uma maneira ou de outra: ele e' premios daqui, projeccao mediatica dali, promocao profissional e/ou proteccao institucional dacoli, etc., etc., etc.... E isso sem falar, especialmente no caso mais grave, o de Reginaldo Silva, a.k.a. o "oficial de kampanha", do aumento exponencial da sua "popularidade" - pelo menos no Facebook!...

Sera' que tem a sociedade angolana pura e simplesmente que engolir em seco o "facto" de que os INTOCAVEIS jornalistas angolanos em geral, e Reginaldo Silva em particular, sao os "homens mais poderosos" de Angola?!...


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Sou um cidadão comum, como qualquer outro. Com convicções, com escolhas, com ideias que me definem como defendendo uma ideologia que é de esquerda. Marxista convicto, educado por duas pessoas, uma de formação claramente progressista e outra católica apostólica romana defensora
da Igreja na perspectiva de João XXIII e de Paulo VI, de ambos os lados me ficaram, com naturalidade,
valores como o humanismo, a solidariedade, o respeito, e a recusa do egoísmo, da maldade humana, e principalmente um certo desconforto pelos que não têm opiniões próprias e autónomas. Andam ao sabor do que os ventos determinam.
Vem isto a propósito de ter tido a satisfação de ler e ouvir, da boca do Presidente da República, um apelo a todos para que a campanha eleitoral decorra com elevação, sem insultos, com o sentido cívico que deve ser peculiar de um momento histórico como este. Na senda do que aqui tinha deixado escrito num texto intitulado “Não vale tudo”.
Daí que, a condição de cidadãos comuns, desemboque, no exercício da nossa profissão, de uma responsabilidade acrescida relativa a outros cidadãos comuns. Particularmente a nós, jornalistas, cronistas, repórteres, que fazemos das palavras uma força poderosa de disseminação de ideias, ideias essas que conduzem a vários tipos de consequência, cabe uma responsabilidade que tem tanto de gratificante como de grave e séria. Uma palavra nossa pode ocasionar, consciente ou inconscientemente, resultados que ninguém mais quer voltem a suceder no nosso País.
De guerras, de armas, de violência – seja ela verbal, física ou emocional estamos todos esgotados. Por isso, e por mais que seja necessário contermo-nos o mais possível, não entrando em agressões de qualquer espécie, até para darmos ao mundo um exemplo de educação, civismo e de alguma maturidade que a nossa História recente nos obriga a ter, torna-se impossível não reafirmar que o insulto barato, grosseiro, ordinário, enfatuado, de uma só aparente e pretensa superioridade moral (que desmorona de imediato, porque não assente em nada sério e justificável) constitui um erro crasso, uma demonstração de falta de respeito, de inexistência de quaisquer princípios morais , e até da ausência de algo básico: a boa educação.
A persistência nesse tipo de discurso, de colegas deste ofício, além de demonstrar uma clara falta de auto-confiança, não se coaduna em absoluto com o que vêm sendo os pressupostos defendidos pelo Chefe de Estado, nas vezes que se vem dirigindo à população.
A diabolização de alguém, cuja opção é distinta da nossa, pode ter efeitos perversos na estratégia de quem escolhe a grosseria, a falta de mínimas regras de uma convivência democrática e pluralista. É o inverso que deve ser feito. Acentuar as diferenças programáticas dos partidos, que são chamados a tentar convencer os eleitores. Persuadir os cidadãos do projecto que entendemos mais coerente, mais sério, a médio e longo prazo, sobre as grandes questões e opções nacionais.
A arrogância, o despudor, a tentative de, a todo o preço baixar o nível do debate, da discussão, não leva ninguém a ser convencido. A consciência tranquila, a transmissão livre e democrática das ideias de cada um, o respeito pelo outro, a explicação simples e lógica dos grandes projectos que cada um defende, são a melhor forma de criticar e “atacar” politicamente os adversários.
Caso contrário, desrespeitamos todo o caminho que nos trouxe até aqui, desrespeitamos todos os que lutaram para que o nosso processo histórico fosse conduzido num determinado sentido, e pior, desrespeitamo-nos a nós próprios, no exercício de uma profissão que deve transmitir a quem nos lê, ouve ou vê, tranquilidade, segurança, confiança, optimismo e crença nos que põem à nossa disposição, várias opções sobre a possibilidade de escolhermos quem queremos para governar.
Tudo o resto são tiros nos pés e a passagem de uma imagem demasiado negativa de quem somos…
Ou então, voltando à educação que cada um teve, como dizia minha velha Mãe, “quem dá o que pode, a mais não é obrigado”…

[in Novo Jornal #236 - 27/07/12]


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N.B.:  Apraz-me sobremaneira registar estas palavras sensatas, por razoes obvias para quem vem seguindo este blog desde o inicio e as minhas paginas no Facebook nos ultimos meses. Um prazer acrescido pelo facto de as ler no jornal onde, tanto quanto me pude aperceber, se desferiram os primeiros golpes contra mim numa bem conhecida campanha mediatica que desde o inicio recorreu ao "vale tudo"!...
E longe se estava ainda da campanha eleitoral - tanto da actual como da anterior.
No entanto, nao posso deixar de colocar as seguintes questoes:
- O Carlos Ferreira fala em deveres e depois "denuncia" o incumprimento generalizado de tais deveres pelos jornalistas. Ora, nao tem a classe jornalistica angolana um "conselho deontologico"? Nao tem a sociedade angolana um "Conselho Nacional para a Comunicacao Social"?
- Porque entao, perante casos como este (o qual, note-se, se tem vindo a agravar descontrolada e perigosamente desde que fiz a denuncia inicial), nenhum desses orgaos se pronuncia - ainda que apenas internamente?
- Porque razao o Presidente da Republica, considerado por "muito boa gente" (alguma da qual directamente envolvida nos e/ou perpetradora dos comportamentos criticados neste artigo...) como um "ditador", nao usa os seus "poderes ditatoriais" para impedir que se jogue o "vale tudo" contra cidadaos comuns e indefesos como eu?! E com a "responsabilidade acrescida" de tais ataques serem feitos em nome de uma "punicao" por alegadamente eu ser "servidora do poder" e "pau mandado de JES"?!...

- E' certo que ha' gente na doente sociedade angolana que tem na massa do sangue o impulso incontrolavel de "puxar faca na briga"... Porem, nao so' eu nao fui "comprar briga" com tal gente, como nao tenho os mesmos meios atacantes que eles teem ao seu dispor!...

- Nos EUA, ha' um psicologo social que foi catapultado a fama nacional e internacional pela sua prestacao no programa da Oprah Winfrey, o Dr. Phil. Uma frase dele que, ha' muitos anos, registei foi esta: "as pessoas so' engajam persistentemente num comportamento danoso, quando nao criminoso, quando se veem compensadas por isso" ou, dito de outro modo, "quando para elas o crime compensa"!...

Pois bem: desde o inicio desta campanha contra a minha pessoa, eu tenho visto varios, senao todos, os seus principais protagonistas, serem compensados de uma maneira ou de outra: ele e' premios daqui, projeccao mediatica dali, promocao profissional e/ou proteccao institucional dacoli, etc., etc., etc.... E isso sem falar, especialmente no caso mais grave, o de Reginaldo Silva, a.k.a. o "oficial de kampanha", do aumento exponencial da sua "popularidade" - pelo menos no Facebook!...

Sera' que tem a sociedade angolana pura e simplesmente que engolir em seco o "facto" de que os INTOCAVEIS jornalistas angolanos em geral, e Reginaldo Silva em particular, sao os "homens mais poderosos" de Angola?!...


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